quarta-feira, 29 de abril de 2009

Patagônia

Durante as festas de fim-de-ano de 2008 passado presenteei-me com uma viagem à Patagônia Argentina.

Preparei-me para uma experiência contemplativa e única em meio a paisagens ainda virgens quase no fim do mundo. Acompanhou-me uma grande amiga e confidente em nossa primeira grande viagem juntos.

A expectativa era grande, enorme, e, ao final, mostrou-se absurdamente tímida frente ao que conheci, ao que experimentei.

Claro, registrei, muito. Porém, por melhores os ângulos, por mais apurado o olhar, não transmitem-se os cheiros, sons, sensações. O friozinho gostoso do verão na porção mais austral das Américas.

No total, foram mais de 800 registros. Após quatro meses enrolando, finalmente finalizei a seleção, tratamento e, o principal, os textos (afinal, esse espaço ainda é um BLOG, não um foto log).

Os fantásticos colegas que lá conheci já devem até ter desistido de esperar a publicação desses posts, que com tanta ênfase propagandeei. Desculpem-me pela demora caros amigos, aqui estão.

Rapidinho, sobre viagens à Patagônia; há duas experiências distintas possíveis:

No verão, temperaturas entre 5 e 12 graus, ventos leves, proporcionam acesso à natureza bruta, viagens longas de carro.

No inverno, pesado, com temperaturas negativas e muita neve, a natureza se recolhe e os esportistas de inverno fazem a festa.

Tenham isso em mente ao planejarem uma viagem àquelas paragens.

Conheci duas cidades:

El Calafate

Cidade agradabilíssima e pequena, a noroeste de Ushuaia, a partir da qual visitamos glaciares e algumas paisagens da natureza rasteira daquela região.

No inverno não é recomendado o turismo. A região não oferece pontos de esportes de inverno como em Ushuaia e a neve impede o acesso às regiões afastadas da cidade.

Ushuaia

A cidade do fim-do-mundo. Se alguém tropeçar feio, tomba na Antártida...

Apresentando maior precipitação que na região de El Calafate, a natureza aqui é mais exuberante.

Cidade de maior porte, é muito visitada no inverno e, dizem, apresenta condições para esqui muito melhores que a já batida Bariloche.

Seguem os registros.

Para aumentar a angústia daqueles que querem ver gelo, eu inicio os posts com registros gerais efetuados durante os dias da viagem.

Após essa (longa) introdução, agrupo os registros específicos por dia e atividades.

Divirtam-se!

P.S.: logo, logo, conhecerei a Patagônia chilena!

Patagônia - Graffiti

Inicio com os meus bons e gostosos registros de Graffiti, devidamente dedicados à minha grande Paolita.

Em Buenos Ayres, achei esses dois stencils com mensagens políticas. Do que falam?



Em Ushuaia, encontrei sem querer esse magnífico chamado a um festival cultural. Aparentemente aproveitaram um stencil anterior para a montagem.


A montagem em detalhe.


Interessantes assinaturas, ainda de Ushuaia.





Finalizando, peço ajuda aos universitários para desvendar esse outro.


Ah! Em El Calafate, não havia graffitis, em canto algum. Povo civilizado... ou não...

Patagônia - Buenos Ayres

Em Buenos Ayres, em trânsito entre aeroportos, de dentro de ônibus, táxis, cometi esses registros.

Pretensão a fotógrafo de grande sensibilidade...



Aqui, dois ângulos da mesma cena.

Um, descartável,


e, outro, poderoso.


Como toda metrópole, Buenos Ayres tem seus cortiços,


e suas favelas.

Patagônia - El Calafate

Chegamos a El Calafate. Esse é A imagem da cidade.

Como disse, pequena. A rua entre essas casas tem um passado: era a pista de pouso do primeiro aeroporto da cidade. Ela, claro, é LARGA... e, obviamente, não vê um avião a anos.

O monte ao horizonte é um pedaço dos Andes, já baixo por essas latitudes.


Essa imagem foi registrada às exatas 22:45 da noite! O crepúsculo no verão dá-se a essa hora, com o sol nascendo às cinco. Por volta de seis horas de noite. No inverno? Por volta de seis horas de dia claro...

Patagônia - Ushuaia

Essa é a entrada de Ushuaia, saindo do aeroporto.

Mais dos Andes no horizonte e nuvens mais carregadas, demonstrando maior umidade.


Não me lembro de onde saiu essa outra foto. Eu estava em pé, fora de veículos...

Bem, fica aqui pois gostei dela...

Patagônia - Do Avião

Claro, do avião, tudo tende sempre a ser muito bonito.

Infelizmente, não estive sentado na 'janelinha' em quase todos os trechos voados.

Esses registros são da chegada a Ushuaia, a única oportunidade que tive.

A água, vocês verão nas outras seções, aqui tem uma cor diferente da qual estamos acostumados. A cor puxa para o azul do gelo. Não sei o porquê disso, não pesquisei...


As imagens acima e abaixo são do braço de água salobra que no dia seguinte navegaríamos para chegar aos pinguins e leões marinhos. Por ele, chega-se ao perigoso Estreito de Magalhães, onde encontram-se Atlântico e Pacífico.


Esses provavelmente são afluentes daquela massa d'água.



Olha que nuvens engraçadas, baixas. Bela essa imagem.


Por fim, uma memória afetiva.

Quando ainda era molecote, bem piá, meus pais mostravam para nós filhos slides de suas viagens passadas, muitas delas feitas quando éramos ainda bebês e algumas antes até do meu pai ter conhecido minha mãe.

Das fotos, lembro-me somente de algumas de Foz do Iguaçu (de quando ainda haviam as sete quedas), e fotos tiradas pelo meu pai de dentro do avião que o levou para seu mestrado nos EUA.

A foto a seguir reavivou essa gostosa memória.

Patagônia - Do Carro

Essas são fotos da região de El Calafate, sempre de dentro de um veículo indo a ou voltando de algum lugar.

Nessa região, há o que entendi pronunciar-se 'turbales'. Não encontrei nada no Google com esse nome e a Drica, que vem comentando os posts, talvez possa nos ajudar.

Mas, a história sobre eles. São camadas vivas e mortas de uma espécie de vegetal que vão se acumulando com o passar dos anos e que apresenta muito pouco oxigênio nas camadas inferiores.

Esses campos são explorados economicamente pois o 'turbal' é um bom substituto combustível ao carvão.

Porém, detalhe mais interessante a seu respeito, em suas camadas inferiores não há ação bacteriológica pela ausência de oxigênio. Tecidos vegetais ou animais 'aprisionados' não são decompostos.

Uma edição passada da National Geographics publicou matéria sobre as 'múmias do "turbal"'. Um dos casos: na Irlanda do Norte, um casal subsistia da exploração do 'turbal' que havia, segundo a descrição da guia, no quintal de sua casa (pelo tamanho de um turbal, acredito mais em 'no terreno de sua fazenda'). Belo dia, encontraram um corpo enquanto escavavam e chamaram a polícia para investigar quem poderia ter escondido um assassinato em seu terreno. As investigações mostraram que o corpo estava lá já há mais de três séculos, apesar de aparentar ter sido enterrado poucos anos antes...

Eu me perdi nas fotos e não tenho certeza de que essa abaixo é de um 'turbal'. Ela nem é tão boa... mas vale pela introdução!


Aqui, ao entrar em um parque (onde logo após registraríamos o arco-íris da seção seguinte), verificamos que ao menos naquele dia não precisaríamos nos preocupar em repentinamente sermos aprisionados em meio a um infernos de chamas...


Notem a forma de parábola entre essas montanhas, como se fossem o fundo de uma vasilha. Isso não é fruto do acaso. No passado, lá havia um glaciar que com seu peso e movimento foi escavando as montanhas até assumirem essa forma.

Nos registros de glaciares, quando for apresentado um glaciar ainda inteiro entre montanhas, vocês lembrarão dessa imagem.


Na imagem abaixo a câmera está muito baixa... eu não poderia estar em um veículo no momento... bem, na pré-seleção, ela veio para a pasta 'do carro', então... como não tenho onde mais colocá-la e é uma bela foto, vai ficando por aqui.


Finalizando dois registros cuja razão de existência é puramente estética.


Patagônia - No Fim do Arco-Íris

Meu orgulho!

No meio do caminho até o parque, esse arco-íris entrava e saía do campo de visão.

Quem tinha uma máquina no ônibus tentava desesperadamente registrá-lo e ele teimava em não se fazer amigo.

Eu mesmo tirei, sei lá, trinta, quarenta fotos. E, para minha total surpresa, consegui, belíssimo!

No flickr da Daniela e seu namorado, os melhores fotógrafos no ônibus, não há registro dele, o que me faz acreditar que eu talvez tenha sido o único a ter tido esse privilégio, esse golpe de sorte.

Acreditem, o danado fez-se de difícil!

Patagônia - A Água

Os tons de azul da água são únicos nessa região.

Claro, ela não deixa de ser água, com textura e consistência de água.

Mas esse turquesa dá um quê de aspecto leitoso a ela, como se fosse mais grossa e densa que o normal.

A poucos dias, já nesse mês de abril, um amigo que está indo para lá em julho me disse que o inverno é uma época especialmente espetacular para mergulho nessa região. A água torna-se claríssima com a morte das algas.

Serão elas as responsáveis por essas cores tão peculiares? Como disse antes, não pesquisei...

Em tempo: mergulhar nessa região NO INVERNO? Sim, acredito que seja belíssimo, mas... no mínimo, perigoso, não?



Não me perguntem de onde veio esse registro. Não sei.

Fica aqui pelo valor estético.

Patagônia - A Flora

A flora, a flora...

Claro, ano a ano, o ensino de geografia no colégio martelava que cada latitude e longitude do planeta apresenta sua biodiversidade peculiar. Florestas de coníferas, tundras, Mata Atlântica, desertos...

Mas, nada me prepararia para a natureza exuberante, riquíssima, e, ao mesmo tempo, completamente diferente do que já havia visto até então.

Nessa época de bombardeio de informação uma pessoa (eu) extasiou-se com o sem número de detalhes quase que alienígenas. Cinéfilo, semanalmente assisto a registros de paragens do norte da Europa, do Canadá, da própria Patagônia. Digiro diariamente informações múltiplas de várias mídias. Certamente por incontáveis vezes imagens dessa vegetação e assemelhadas passaram por meus olhos, sem porém, terem 'batido'.

Agora, imaginem pelo que passaram os europeus que chegavam ao Brasil nos séculos dezesseis, dezessete, sem nenhuma idéia prévia do que veriam em nossas terras.

Esse é o assunto com maior número de registros dessa série sobre a Patagônia.

Para melhorar a leitura, quebrei o post em várias seções a seguir.

Deleitem-se.

Patagônia - A Flora - Árvores caídas

As árvores são altas e ao mesmo tempo de raízes frágeis, razas. De um argentino visitando o Brasil: 'Los árboles que aquí caen, no caen como allí'.

Em especial, no primeiro registro, vemos um tronco oco caído. Lembrei dos desenhos animados com os bichinhos escondendo-se de seus algozes.




Patagônia - A Flora - Bosques

Os bosques também fazem remeter às estórias européias (Floresta Negra alguém?) e filmes rodados no norte dos EUA e Canadá.

Infelizmente não pude visitá-los à noite. Tenho de fazer isso algum dia, aqui ou hemisfério norte.


Patagônia - A Flora - Panorâmicas

As panorâmicas são belas, fáceis de se acertar já no primeiro dos clicks.

No flickr da Daniela há um registro para o qual minha Cybershot teimou em falhar. Em determinado momento, havia um campo de gramíneas moldado pelo movimento dos ventos. Não deixem de conferir o olhar dela para a cena...




Essa foto não tem nada de especial, mas registra, pelas costas como bem devido, a nossa guia naquele momento. Péssima, chatíssima, apesar de bonitinha & gostosinha.

Da galera que nos guiou eram todos excepcionais, perfeitos mesmo, de deixar grandes saudades e boas lembranças. Mas, essa menina...

Ah! Estamos falando da flora... bem, esse foi um trecho pequeninho mas especialmente escuro, fechado.

Patagônia - A Flora - Fungos

Os fungos nas árvores também apresentavam surpresas.

'Causo' curto: no churrasco após o off-road em Ushuaia, eu entrei um, dois quilômetros, adentro do bosque da região, a ponto de chegar a me perder um pouco, com direito à adrenalina esperada nessa situação.

No caminho de volta, pertinho do churrasco, achei um espécime fantástico. Como estava sem a máquina, corri por ela e, ao voltar, não o achei mais. Bons quinze minutos procurando e nada. Das duas, uma: como é tudo muito parecido, posso ter procurado no lugar errado, ou, com o sol mudando de posição, ele pode ter se retraído.

Menino, isso me chateou, muito. Resumo da ópera: o que eu estava fazendo SEM a minha máquina àquela hora?

Inicio com um fungo em especial que talvez não seja na realidade um fungo... não parecendo um cogumelo e claramente não sendo fruto daquela árvore, resolvi assim categorizá-lo.

Agora enquanto escrevo e revejo essa foto, senti vontade de tê-lo experimentado. Isso não passou pela minha cabeça naquele momento e eu não seria louco de fazê-lo... mas, convidativo, isso ele é.


Finalizo com registros da 'baba' das árvores. Esse tipo de fungo estava por todos os cantos.

Com exceção talvez da primeira foto, nada que me agrade esteticamente enquanto registro fotográfico 'maior'. Tendo porém seu valor didático.